As feridas são uma interrupção na continuidade da pele e podem ser causadas por traumas, acidentes, cirurgias ou doenças. Na maioria são de simples tratamento, mas é preciso ficar atenta à cicatrização. A Farmácia Maria tira as suas dúvidas e dá dicas para evitar a formação de cicatrizes.
Existem vários tipos de feridas e cada um deles exige cuidados distintos. As feridas mais comuns são os arranhões, bolhas, cortes, feridas por perfusão e mordeduras.
Os arranhões podem ser superficiais ou profundos. Nos primeiros a limpeza e tratamento da ferida pode ser feita em casa, com o uso de produtos desinfetantes.
Já nos arranhões profundos a superfície da ferida deve ser comprimida até parar de sangrar. É importante não tentar nenhum tipo de extração de corpos estranhos, pois a ferida pode agravar-se e o risco de infeção é superior. Se após a desinfeção da ferida esta não apresentar melhoras deve procurar ajuda médica.
As feridas por perfuração têm um risco muito elevado de infeção, pelo que é extremamente importante que sejam desinfetadas e que a vacina contra o tétano esteja em dia.
As feridas causadas por pequenos objetos perfurantes (por exemplo, um prego) devem ser desinfetadas e cobertas com um penso, fazendo compressão da área, na tentativa de estancar o sangue. Se surgirem sinais de infeção como calor, dor, inchaço ou vermelhidão é muito importante que consulte um médico.
As bolhas normalmente não devem ser perfuradas já que isso aumenta o risco de infeção. Porém, poderão ser esvaziadas quando se situam em locais de contacto ou pressão, como o pé. As bolhas devem ser sempre desinfetadas, assim como toda a zona circundante.
Se for necessário perfurar a bolha deve usar uma agulha esterilizada e fazê-lo em vários pontos, de seguida deve retirar o líquido com a ajuda de uma compressa. Por outro lado, se a bolha já estiver rebentada deve desinfetar toda a área e ficar alerta para possíveis sinais de infeção.
Os cortes podem ser pequenos ou graves. Quando o corte é pequeno deve desinfetá-lo e cobrir a área com um penso compressivo, a fim de proteger a ferida e ajudar no estancamento do sangue. Quando o corte é considerado grave deve ser comprimido, durante 10 minutos, até que pare de sangrar.
É muito importante que nestes casos esteja vacinado contra o tétano e que procure ajuda médica, para que não exista possibilidade de infeção.
As mordeduras estão sempre contaminadas, mesmo as humanas. O risco de infeção é muito grande, pelo que é muito importante tratá-las e desinfetá-las. Se a sua vacina do tétano não estiver em dia deve procurar ajuda médica de imediato.
1. As feridas cicatrizam melhor ao ar e devem ser mantidas secas – FALSO
Este mito persistiu durante décadas. Surpreendentemente, a prioridade no cuidado das feridas deve ser, sempre, a limpeza das suas impurezas, germes e a sua constante proteção. Por isso é que, depois de limpar adequadamente a ferida, deve colocar logo um penso pois as feridas cicatrizam mais rápido e eficazmente em ambiente húmido não devendo ser deixadas ao ar até estarem completamente cicatrizadas.
2. A crosta é positiva para a ferida – FALSO
A crosta desenvolve-se quando o leito da ferida seca, o que impede e dificulta as células formadas de cobrir a ferida. Por outro lado, acumula tecido não viável e bactérias que atrasam a cicatrização e podem provocar infeção. Nesse sentido, deverá evitar-se a formação de crosta, mantendo um ambiente húmido e protegendo a ferida com um penso apropriado.
3. Quanto mais profunda a ferida mais dolorosa se torna – FALSO
Pensar que isto é verdade faz algum sentido, visto ser fácil associar a profundidade da ferida à intensidade da dor mas é precisamente o contrário, devido ao elevado número de fibras nervosas localizadas abaixo da epiderme. Feridas superficiais como abrasões ou queimaduras são mais dolorosas que uma ferida incisa profunda (geralmente causadas por laminas).
4. As feridas pequenas não precisam de penso – FALSO
Deve estar bem claro que, para uma bactéria, até a entrada mais pequena é um caminho para o nosso corpo. Mesmo as pequenas feridas necessitam de ser protegidas com um penso que mantenha o ambiente húmido e isole do exterior.
5. O álcool é o melhor produto para limpar e desinfetar as feridas – FALSO
Este é um dos equívocos mais comuns. Utilizar álcool para a limpeza e desinfeção das feridas não é o mais indicado, por inúmeras razões: não só porque vai queimar a pele quando aplicado(o que é muito pouco indicado no tratamento dos mais novos) mas, pior ainda, é completamente inadequado para tratar os tecidos extremamente sensíveis da ferida.
Os especialistas recomendam a utilização de produtos sem álcool, que tenham agentes antissépticos (Betadine, por exemplo), para uma limpeza e desinfeção, sem dor, das feridas.
6. As feridas devem ser sempre desinfetadas – FALSO
As feridas também podem ser limpas com água da torneira tépida ou com soro fisiológico para prevenir a infeção, remover tecido não viável e detritos para ajudar à cicatrização.
7. Deve utilizar-se algodão na limpeza da ferida – FALSO
O algodão liberta pequenas fibras difíceis de remover quando a ferida inicia o seu processo de cicatrização.
8. Feridas que demoram muito tempo a cicatrizar podem ser sinal de doenças graves – VERDADE
Feridas que parecem relutantes a sarar podem ser sintoma de diabetes mellitus, ou indicar um problema do sistema imunitário ou de circulação. Por isso, nestes casos, deve recorrer a um médico para verificar possíveis causas da demora, mesmo que tenha tratado do ferimento como deve ser.
9. As feridas devem ser tratadas com antibióticos tópicos ou sistémicos – FALSO
Esta prática levanta problemas com futuras resistências aos antibióticos. Estes são apenas indicados quando há sinais de infeção profunda e sistémica.